Apesar de a economia brasileira ter fechado o ano de 2023 com um crescimento acumulado de 2,9%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um olhar mais atento revela uma desaceleração preocupante no segundo semestre do ano passado, após um início promissor, especialmente no setor agropecuário.
No comparativo entre o quarto e o terceiro trimestre de 2023, o quadro é de estagnação, com destaque para uma queda significativa de 5,3% na Agropecuária, enquanto os Serviços apresentaram uma leve alta de 0,3% e a Indústria registrou um crescimento de 1,3%.
De acordo com o advogado e economista Alessandro Azzoni, o avanço observado no agronegócio nos primeiros meses do ano impulsionou os números, especialmente com a produção de soja e milho. No entanto, o cenário se reverteu nos trimestres seguintes devido ao esgotamento dos estoques e ao período de replantio.
“A tendência do agro não representa tanto nesse segundo semestre”, explica Azzoni, apontando para a queda do PIB, principalmente no setor agropecuário.
Um dos fatores que contribuíram para a estagnação da economia foi a redução na taxa de investimento do PIB, que passou de 17,8% em 2022 para 16,5% em 2023, conforme apontado pelo economista José Marcio Camargo. Ele ressalta a importância do aumento na taxa de investimento para garantir crescimento sustentável no longo prazo.
Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, destaca a contribuição da demanda interna para o crescimento de 2,9% em 2023, ressaltando que, diferentemente de 2022, a contribuição foi de apenas 0,9%.
No setor industrial, houve aumento nas Indústrias Extrativas (4,7%) e na Construção (4,2%), enquanto as Indústrias de Transformação apresentaram uma variação negativa de 2%. Nos Serviços, observou-se uma elevação tímida em algumas áreas, como Atividades Financeiras e Imobiliárias, mas um declínio em setores-chave como Comércio, Transporte e Informação.
Em resumo, o cenário econômico de 2023 mostrou sinais de desaceleração, com desafios significativos, como a queda na taxa de investimento e o impacto negativo em importantes setores da economia. O desafio para os próximos períodos será reverter essa tendência e retomar o crescimento de forma sustentável.