Jozi Lambert recebe Troféu Nacional “Arte em Movimento”
Através do Produtor Beto Zulu, presidente do Movimento Negro em Cambuí, aconteceu neste final de semana 17 de novembro, no Sul de Minas Gerais a entrega do “Troféu Arte em Movimento”, do Artista ZÉP.
O Festival Cultural AfroCambuiense foi idealizado pelo produtor Beto Zulu, com uma gama imensa de atividades com foco na Cultura Afro, incluindo a entrega do Troféu que já está em sua décima edição, que é dissipada pelo Brasil inteiro e dessa vez a cidade de Cambuí em Minas Gerais foi palco dessa brilhante iniciativa. Foram selecionados 60 artistas e fazedores de arte, de diversas categorias, entre música, literatura, teatro, áudio visual, artesanato e outros. Essa seleção se deu através da comissão do Festival, que garantiu que acontecerá a premiação nos anos seguintes com mais 60 artistas contemplados e reconhecidos.
Selecionamos algumas perguntas e conversamos com a Jozi, que é uma verdadeira apoteose da arte, com 6 livros lançados e palestras ministradas no Brasil e no Mundo.
A redação: O prêmio Arte em Movimento reconhece talentos que transformam vidas por meio da arte e da inspiração. O que esse troféu significa para você, tanto como mulher negra quanto como palestrante reconhecida nacional e internacionalmente?
Jozi: Olha, antes de começar a responder eu preciso enaltecer a pessoa do Beto Zulu, por trazer essa possibilidade pra gente, em uma cidade tão pequena do Sul de Minas e claro, ao ZÉP, que é o artista que confecciona de forma artesanal esse troféu, que é lindíssimo, depois vou te mandar a foto, e vocè vai ver a perfeição que é.. Agora, respondendo a sua pergunta, esse troféu significa um marco, sabe? Marca a trajetória da gente dentro da cultura da cidade. É uma representatividade necessária. Porque a gente passa muito tempo achando que não é visto, ralando pra caramba, principalmente nós pessoas negras somos invisibilizados, e ainda mais na arte, quando você fala que faz arte as pessoas falam “tá, mas você trabalha com o quê?”. Dá impressão que a pessoa é “vagabunda” por escrever um livro, cantar um hiphop, fazer um filtro dos sonhos, trabalhar com criatividade…. Sei lá, é bizarro. Por isso, ver o meu trabalho de mais de 15 anos sendo reconhecido é muito significativo, ainda mais ao lado de mais 59 fazedores de arte, que são incríveis. Então pra mim, esse troféu significa reconhecimento. E é bom ser reconhecido.
A redação: Você tem uma história de luta e superação que serve de exemplo para tantas pessoas. Qual foi o momento mais desafiador da sua trajetória e como ele moldou a líder que você é hoje?
Jozi: Foram alguns momentos desafiadores, mas sem dúvida o fato de eu ter sofrido racismo em processo seletivo e ter que começar a empreender. Eu dei uma reviravolta, fundei minha própria Agência de RH e hoje faço disso a minha maior bandeira, só que não foi fácil né? As pessoas acham que racismo é motivacional, mas não é! Racismo é crime. No entanto, ser resiliente e forte foi a única escolha que eu tive naquele momento. E se eu puder citar outro desafio, posso?
A redação: Pode, claro. Essa entrevista é sua.
Jozi: (Risos) Ah que bom que eu posso! A maternidade ainda me é desafiadora! Mas acredito muito que ser mãe de 5 supera qualquer desafio (Risos). Unindo isso a tudo que eu passei em questão de raça, de precisar me posicionar e ainda equilibrar esses pratinhos da melhor forma possível, isso faz de mim uma profissional e uma líder mais humana e estratégica. Sei que perguntou um momento, mas esses dois são realmente muito desafiadores.
A redação: Sendo palestrante e escritora, você inspira pessoas com suas palavras. Como você conecta sua arte, sua história e seu propósito para impactar vidas no Brasil e no mundo?
Jozi: Poxa, a sua pergunta já é a resposta hein? Eu uso as palavras, seja no palco ou nos livros e até mesmo produzindo conteúdo e é justamente isso que impacta as pessoas. Escrever, dar palestras, ser criativa para produzir, tudo isso é arte. Acredito que a conexão está na forma que eu faço isso, com verdade, com a minha história, com a minha essência e com a minha vontade suprema de querer melhorar a vida das pessoas dentro e fora do trabalho e eu faço isso com as palestras, com os livros… com os treinamentos. Então, resumindo, a conexão está na forma genuína de fazer isso, principalmente porque eu sou extremamente apaixonada pelo que eu faço.
A redação: Quais conselhos você daria para jovens negras ou mulheres que enfrentam inseguranças e barreiras, mas sonham em construir uma carreira de impacto e alcançar reconhecimento?
Jozi: Eu vou ser muito direta e reta e se vocês puderem até publicar em caixa alta a frase que eu vou falar “NÃO DEIXE NINGUÉM TE ATRAVESSAR E NÃO DESISTA DOS SEUS SONHOS”. Porque no final é isso né? A gente correndo atrás pra realizar, pra ter as nossas coisas e sempre vai ter alguém pra descredibilizar, desacreditar, e cara, não deixa, simplesmente não deixa. Só você sabe dos seus corres. Não vai deixar de fazer sua arte, candidatar pra uma vaga, pedir um aumento, comprar um carro, uma casa, sei lá, qualquer coisa.. não va deixar de fazer nada em função de alguém que não acredita, porque quem tem que acreditar é você. Quem vai fazer e pagar o preço é você. Só você!
A redação: Uau Jozi! Vamos para a última pergunta e foi difícil selecionar porque os mineiros são bons de prosa.
A redação: Esse prêmio foi entregue na sua cidade, Cambuí, Minas Gerais. Qual é o significado desse momento para você? Como as raízes da sua terra natal influenciaram sua jornada até aqui?
Jozi: Você acredita que Cambuí não é minha terra Natal Minha terra Natal é Pouso Alegre, que é vizinha daqui e acho que você deve conhecer. Mas eu já morei fora, em outros lugares, enfim. Eu vim com meus pais há cerca de 11 anos, casei, formei minha família e gosto muito daqui. Eu penso que as raízes são criadas à partir do momento que você trm interesse em contribuir com a cultura e com o desenvolvimento. Como eu tenho feito isso desde sempre, desde que eu mudei pra cá, mesmo que eu viaje bastante à trabalho, eu acabei fazendo conexões verdadeiras que contribuíram para que eu tivesse esse reconhecimento. Além do mais, eu acabo levando o nome da cidade pra onde quer que eu vá e acho que as raízes ainda estão aprofundando e tendem a fincar ainda mais nessa terra fértil e boa que é Cambuí.
A redação: Gratidão, Jozi, por poder falar conosco com essa agenda tão disputada. Espero poder te entrevistar outras vezes.
Jozi: Imagina. Eu que agradeço de verdade. Pra mim é uma honra conceder essa entrevista. Até breve.
Jozi Lambert fundou a sua própria Agência de RH após sofrer racismo em processo seletivo. Atualmente é Executiva de RH, ForbesBLK, escritora Best Seller, TEDx Speaker e mãe de 5. Além disso é apresentadora de podcast e colunista de jornais e revistas e escritora de 5 livros. Para conhecer mais os seus trabalhos você pode acessar Facebook, Instagram, LinkedIn e o site www.jozilambert.com.br
Assessora: Rosa Carvalho
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