qui. out 2nd, 2025

Minas Gerais ultrapassou a marca de 12,8 GW de potência instalada em energia solar fotovoltaica — um marco expressivo que reforça o estado como protagonista no cenário nacional da transição energética. Esse total reúne contribuições tanto da Geração Centralizada (usinas solares em grande escala) quanto da Geração Distribuída (sistemas instalados em residências, comércios e indústrias).

O desempenho mineiro reflete uma evolução acelerada: enquanto projetos solares de grande porte expandem, a adesão local de consumidores também floresce, impulsionada por incentivos, redução de custos e crescente consciência ambiental. No âmbito nacional, esse volume representa mais de 20% da capacidade total solar do Brasil, delineando Minas como pilar estratégico na matriz renovável do país.

Sol abundante, territórios improváveis

A vocação solar de Minas não é obra do acaso. O estado concentra amplas regiões com elevados índices de radiação solar, especialmente no Norte, onde terras consideradas pouco aproveitáveis para a agricultura passaram a se tornar potenciais para energia limpa. O “problema” do solo castigado pelo sol foi transformado em oportunidade para gerar renda e empregos em municípios historicamente desfavorecidos — cidades hoje atrativas para investidores em energia fotovoltaica.

Nas usinas de escala centralizada, Minas apresenta participação significativa: o parque mineiro responde por quase 40% da geração solar centralizada no país. Já na geração distribuída, o protagonismo se mantém: unidades instaladas em solo mineiro respondem por cerca de 12,6% da capacidade nacional nessa modalidade. Juntos, os sistemas massificados e os projetos domésticos conformam um ecossistema energético robusto, diversificado e distribuído.

Desafios às claras na infraestrutura elétrica

Apesar dos avanços, a expansão acelerada esbarra em limitações estruturais — sobretudo a capacidade de transmissão. A distribuição eficiente entre usinas, subestações e linhas de alta tensão exige investimentos vultosos e planejamento coerente. Embora a companhia estadual do setor elétrico (Cemig) já sinalize avanços, muitos empreendedores ainda apontam que os prazos e a escala desses avanços ficam aquém das demandas urgentes do setor.

Leilões recentes, com foco em ampliar a rede de logística energética, oferecem alívio parcial: novos interligadores e reforços nas subestações são previstos para escoar a produção solar. Mesmo assim, o pipeline de projetos aguarda ritmo em sintonia com essas melhorias para evitar gargalos logísticos que possam frear o crescimento.

Impactos econômicos, sociais e ambientais

As consequências são múltiplas. Em termos socioeconômicos, o modelo solar intensifica a geração de empregos locais, amplia a arrecadação municipal e reduz desigualdades regionais. Em várias cidades do Norte mineiro, já é comum ver comunidades diretamente envolvidas como fornecedoras de terras ou mão de obra especializada para os projetos fotovoltaicos.

No aspecto ambiental, o advento solar fortalece o protagonismo das fontes limpas, reduzindo a dependência de fontes fósseis e hidroelétricas. A diversificação da matriz é particularmente relevante em épocas de estiagem, quando usinas hidrelétricas enfrentam limitações hídricas.

O horizonte que se anuncia

Se hoje Minas marca território na fronteira da energia renovável, o próximo passo exige integração: planejamento regional, parcerias público-privadas e políticas robustas de incentivo à inovação serão determinantes. A fluidez entre produtor e rede — neutralizando gargalos e promovendo sinergia — emergirá como critério de sucesso.

A história que se desenha é de um estado que soube transformar adversidade climática em vantagem competitiva. E, no brilho dos painéis solares que proliferam sob o céu mineiro, esboça-se uma nova base para o desenvolvimento sustentável — com Minas Gerais convertendo calor solar em poder energético, econômico e simbólico.

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