Florestal (MG) – Numa conversa despretensiosa com a inteligência artificial do ChatGPT, o florestalense Gustavo Henry acabou desenvolvendo a base de um novo modelo de economia nômade: um aplicativo que conecta mochileiros e viajantes a empresas com vagas de trabalho temporário. A ideia é simples, ousada e, ao mesmo tempo, genial — trabalhar um dia, receber na hora e seguir viagem no próprio moto home.
“É uma forma de resolver a falta de mão de obra que muitas empresas estão enfrentando hoje. E ao mesmo tempo, o mochileiro tem uma experiência diferente, longe da rotina entediante”, afirma Gustavo, que acredita que o sistema poderia revolucionar setores como agricultura, construção civil, eventos e serviços urbanos.
A proposta gira em torno de um aplicativo de vagas diárias, onde empresas postam demandas emergenciais — um ajudante para descarregar mercadoria, um cozinheiro por um dia, um garçom para um evento, alguém pra roçar o pasto — e mochileiros próximos se candidatam na hora. Trabalhou, recebeu, partiu. Tudo baseado em notas de avaliação estilo Uber, tanto para o contratante quanto para o trabalhador.
Cidades adaptadas para receber mochileiros
Com a ideia tomando forma, Gustavo imagina um mundo onde as cidades criam zonas de apoio para moto homes e vans, com infraestrutura básica como energia, água, Wi-Fi e segurança. Postos e praças se tornariam pontos de parada estratégicos para essa nova leva de trabalhadores nômades.
“Imagina você rodando o país, com liberdade, ganhando seu dinheiro de forma justa, conhecendo culturas, e ainda ajudando empresas que realmente precisam de mão de obra. É troca, é movimento, é vida real”, comenta.
Mais liberdade, menos burocracia
Na visão do criador, o sistema também favorece os pequenos empresários. Ao contratar informalmente, com pagamento direto (inclusive em dinheiro físico), há uma redução considerável nos custos trabalhistas e impostos — o que pode atrair ainda mais adesão ao modelo.
Mas, como toda ideia revolucionária, os desafios existem. Gustavo também destacou em sua construção que a falta de vínculos formais pode gerar abusos, salários abaixo do justo, além de riscos com segurança, higiene e até sabotagem em áreas sensíveis, como restaurantes e comércios. “Por isso seria essencial um sistema de câmeras, seguranças e notas rígidas. A reputação ia ser a moeda mais valiosa.”
O futuro do trabalho pode estar sobre rodas
A ideia do “Trabalha e Vai” — como Gustavo apelidou informalmente o projeto — é mais do que um aplicativo. É uma visão de mundo onde liberdade, esforço e experiência se cruzam na estrada.
Se depender da mente criativa desse jovem de Florestal, o futuro do trabalho pode muito bem estar estacionado ali na praça da cidade, com uma prancha de roupas no varal e o cheiro de café passado saindo da janela de um moto home.